segunda-feira, 13 de junho de 2016

Coisas que me chateiam

Vivo bem com as minhas limitações, na verdade não são muitas e, mesmo essas, faço questão de ignorar e tratar tão mal que elas "amocham". 
Ainda assim, de vez em quando, lá vem uma limitação que não consigo superar e isso deixa-me chateada, muito chateada. 

Por exemplo, por estes dias esta família esteve a sul em mini férias, o meu filho mais novo tem verdadeira atração por água... Mas a água do mar estava gelada (mesmo gelada)... E isso é lixado para quem tem artrite... Vai daí restam duas opções, nenhuma delas simpática, ou fico pela beirinha a ver o jovem banhar-se com o pai arrepiado até às orelhas ou vou para a água com ele brincar que nem uns malucos e.... Passadas mais ou menos horas estou com as articulações a ranger e com dificuldade em mover-me.... Bahhhhhhhhh!!!!!! 

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Ser mãe careca

O primeiro post, começo eu....

Escrever sobre ser mãe careca, enquanto sou...pois os cabelos já começam a nascer e qualquer dia já não me recordo desta sensação.

Já sabia que iria ficar sem cabelo, logo após a cirurgia foi falado a possibilidade de quimioterapia...e consequente queda de cabelo.
Como mãe que gosta de proteger os seus "pintainhos" ...pensei logo em como poderia amenizar esta fase, a mais pequenina não iria se recordar, mas o mais velhito já tem 6 anos.....e iriam começar as perguntas...os comentários e temi também pela reacção dos colegas dele.

Passado 6 semanas, cortei o cabelo ainda mais curto do que tinha e comecei a explicar aqui em casa que tinha calor e estava cansada de lavar o cabelo todos os dias.....que a moda era esta!!

14 dias após o primeiro ciclo de quimio...o terror....começou a cair....rapei máquina 2!!!.... e disse que assim ficava gira e ainda dava menos trabalho!!.....o mais velhito lá foi ouvindo.....sorte minha que até tenho a cabeça bem redondinha!

Em 5 dias lá foi o cabelo todo.....foi a etapa mais dolorosa para mim, aceitar-me sem cabelo, adaptar-me ao toque da cabeça....é pele....sim!!!! onde costuma haver cabelo fica pele e ao princípio a sensação é muito estranha...usei lenços....fui para o Youtube ver todos os videos e pedi lenços emprestados.....a primeira pessoa a emprestar-me lenços, sem sequer eu pensar nisso, foi a Teresa, sempre na crista da onda!!!

A educadora, as auxiliares ajudaram imenso e faziam-me sentir bonita, pois eu levava lenços lindos e ia toda maquilada, era o que faltava andar doente em tratamentos e estar feia....não....eu tinha de parecer o mais normal possível para os meus meninos!!! para esta família!

Até que o tempo aqueceu e eu perdi a vergonha e comecei a andar careca!!!
Olhares??? Imensos... mas eu entrava por aquela escola, trabalho, supermercado, com ar de modelo, olhos em frente, andar confiante e em frente, cabeça levantada, olhos bem maquilados!!! Custou, mas habituei-me!!
Comecei a brincar com os colegas do meu filho, que me faziam perguntas... disse que não queria piolhos e assim não havia problema!!
Comentários, ouvi muitos e ignorei-os todos!!!
Eu estava bem....não gastava tempo em cabeleireiro, nem dinheiro, num instante me arranjava de manhã e tinha ar de mãe roqueira!!! Que mais podia eu querer nesta altura?? Parecer fixe!! Penso que consegui!!

Joana



Quem são estas "malucas"?


Obviamente que somos mães!


Cada uma de nós tem duas crias, de 6 e 1 ano!


A Teresa tem artrite reumatóide quase desde sempre.
Um dia, entre outras coisas brutalmente animadoras (not!), disseram-lhe que teria uma vida cheia de limitações e que, muito provavelmente, aos 30 anos estaria numa cadeira de rodas mas a verdade que é que, muito graças ao seu mau feitio, aos 30 anos estava formada, acabada de casar, aos 32 foi mãe pela primeira vez e aos 37 teve o segundo filho! Agora aos 38 vive uma vida absolutamente normal, embora se debata com algumas dificuldades - limitações JAMAIS.





A Joana tem cancro do ovário, desde Janeiro de 2016.
Em Dezembro, depois de uma ecografia de rotina, lá apareceu "algo", exames, médicos, mais ecografias, ressonâncias e cirurgia......e TCHARRRRRANNNN lá estava...... uma neoplasia aka cancro do ovário. 
Recuperar da cirurgia.....saber o resultado da anatomia patológica e encarar o bicho de frente!!!
Quase sempre de sorriso e bem disposta, choro quando tem de ser em privado....e faço que não dure muito, que os anti-rugas e liftings faciais estão caros....
Levo uma vida normal, após a cirurgia e quimioterapia e sem cabelo...menos uma preocupação! :) 








E agora como nos vemos:






Sou a Joana e vou-vos contar como conheci a Teresa:


A primeira recordação que guardo é de uma reunião na escola dos nossos filhos, onde discordou do menu do almoço, sugeriu que poderia melhorar em termos nutricionais e ouvi-a debater na altura o assunto, logo discordei.....mas não disse nada, hoje em dia pensando melhor a Teresa tinha razão e ainda bem que fiquei calada!

Estivemos ambas grávidas do segundo, com poucos meses de diferença! Partilhamos a gravidez, o parto e pós-parto . 

Esta baixinha, simpática, de lindos caracóis, directa e muito perspicaz cativou-me e começamos por ficar amigas, o que temos em comum?? quase nada….mas dentro desde quase nada ….destaca-se duas de extrema importância, o amor incondicional pelos filhos e desejar mantê-los debaixo da asa!! e a doença….A minha recente doença, levou-me a conhecer melhor a doença da Teresa, brincamos com o assunto, pois no fundo somos umas bem dispostas e cremos que existe mais para falar que queixumes e diagnósticos!!!




Eu, Teresa, apresento-vos a minha amiga Joana:


Cruzei-me com a Joana nos corredores do colégio dos nossos filhos, sorriso delicado, pronuncia estranha, mente aberta e firmes convicções. 

Fomos falando e fomo-nos identificando - não que tenhamos muito em comum, talvez até por não termos muito em comum uma com a outra... Acima de tudo, nenhuma de nós tinha se identificava com as outras mães "tipo" - elegantes, super cuidadas, independentes dos filhos, disponíveis para programas sem filhos, relaxadas em relação aos filhos... Atenção: nada contra, tudo a favor, mas nós não éramos/ não somos assim. 

De forma involuntária fomos entrando nas vidas uma da outra; o marido da Joana foi o timoneiro para o meu filho largar a chucha, sem querer fui das primeiras pessoas a saber que a Joana estava novamente grávida, e por aí fora. 

Mais recentemente veio a doença da Joana... 

Aquilo que não queremos ouvir, aquilo que não queremos ver, aquilo que ninguém deve sentir... Mas aconteceu, depois de uma bateria de exames, resultados manhosos, um sem fim de dúvidas e questões que fomos partilhando... Eu já não podia dizer "vais ver que não é nada", "não tens a certeza", "olha que sem esse resultado é 50/50", "vê os factos, não é claro" e agora que tudo passou posso dizer que ela soube sempre que algo estava muito mal... Os resultados dos exames foram sempre muito duvidosos (eu sei que não era isso que te dizia, mas tinha que te ajudar a bater braços e pernas) e o cancro estava mesmo lá dentro.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Que projecto é este?

Mães Fora da Caixa
Objectivo: abrir janelas de tolerância. 
Finalidade: partilhar que em pleno século XXI existem mães 100% dedicadas aos filhos, que não são queques nem fashion, ainda assim são felizes e socialmente integradas. Se isto, por si só, não bastasse têm ainda a particularidade de serem portadoras de doenças "cabeludas" que teimam em contrariar. 
Como surge a ideia deste blogue: 
"Tu tens uma doença que te ía matando, eu tenho uma doença que me vai matar" 
Bora fazer um blogue? Foi literalmente isto.